sábado, 4 de julho de 2015

Reflexão...

Àbórú Àbóyé Àbósíse, 
E Káàró...

Bom dia à todos e que seja com muito axé!

Fui marcado nessa publicação, e um grande amigo, pediu que desse a minha opinião através da visão de Ifá!
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Segue o texto fonte:
-Porque ensinamos o Orixá a dançar?
-Ele já não devia saber?

Existe muita confusão sobre este assunto, as pessoas chegam a duvidar dos Orixas que não possuem pé de Dança.

Entendam o que é realmente Pé de Dança!

Um bom exemplo é Lufan. Vocês acham que lufan não tem força para ficar em pé? Que ele é fraco e debilitado? Lufan só se encurva para respeitar nosso modo de cultua-lo. Ele sabe que a nossa tradição brasileira diz que ele é velho e lento, e então ele se comporta assim por respeito. Entendam também que se algum Lufan ficar com a coluna ereta, logo vem o Zelador ou uma Ekedy que sussurra para que ele se curve, pois Lufan deve ser representado assim.

Na Africa não existe isso. Cada Orixá vem da sua própria maneira, o Orixá é quem escolhe como agir. Lá Xangô pula e grita, aqui o fazemos dançar em passos ritmados. Muitas danças que temos no candomblé não são totalmente africanas, e sim inventadas no Brasil.

O que traduz realmente o sentido do pé de dança é fazer o Orixá Yoruba se ajustar ao candomblé Brasileiro.

Oxum na africa dança livremente. Aqui nos dizemos a ela que dance Ijexa, e somente Ijexa. O que impede que Oxum dance um Opanijé? nós.

Nós a muitos anos ditamos as regras aos Orixás.

Na africa o Orixá abre os olhos e fala. Aqui nos fazemos eles se calarem e cerrarem os olhos. Os Orixás são tão humildes que aceitam nossos costumes. Mas nós não devíamos ficar "formatando" os Orixás em padrões.

Aqui no Brasil Oya tem que gritar ilá. Mas e a pergunta: e se Oya não quiser gritar? Se ela não fizer, o Zelador irá até ela e dirá "toda Oya grita no ilá, então a senhora também deve gritar". E ela humildemente gritará para atender as tradições da nossa terra.

E assim continuamos coreografando nossos Deuses. Isso parece errado, não é? Mas o que realmente é errado, é que quando vemos um Orixá que não é padronizado, xoxamos.

Vi uma incorporação de Yemonja em um vídeo gravado na Nigéria, onde ela rodopiava e gritava, e depois corria pela aldeia. Se alguma Yemonja se comportar assim aqui, nós certamente diremos "É EKÊ, É EGUN"! Julgamos sem saber.

Orixá é natureza, e a natureza não é constante e sim livre. Mas no Brasil passamos a exigir que os espíritos da natureza se tornem bailarinos treinados.

Ògún TEM que cortar o ar.

Oyá TEM que por as mãos na cintura.

Obá TEM que cobrir a orelha.

Os Orixás TEM que "virar" no Alujá.

Os Orixás são tão superiores que atendem a esta nova cultura chamada Candomblé sem queixar-se.



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RESPOSTA DADA AO FILHOTE QUE ME MARCOU
Kaio Noronha Reis

Quando você então vê um Orixá Sòngó incorporado no Lukumi, passando as mãos nas suas coisas ou uma Oxum rir como uma Pombagira...

Aí é que irá xoxar...

Mas o que seria ensinar à algo ou alguém que nos ensina?!

Em Ifá não se tem regras e nem Odú Ifá que nos diga que temos que ensinar ou comandar algum Ancestral, Òosà ou Òrìsà...

Pelo contrário, Òrúnmìlà nos manda sentarmos, fecharmos os olhos, focarmos os pensamentos e aprendermos com cada um deles!

Passarei anos estudando Ifá, passarei vidas estudando Ifá, e toda vez que o Grão Mestre me questionar se sei Ifá, e eu tiver a audácia de responder que sim, de imediato ele sempre dirá:
-Somente quem sabe Ifá é Òlófín e Òrúnmìlà...

Regra essa q também seguiu, segue e seguirá para Égún  e Orixá!

Sempre seremos aprendizes de tudo, e maestros de nada!

Reflita e sempre procure se lembrar, filhote:
-Todos aqui viemos para sermos postes, jamais iremos virar cachorros!
(Ditado popular aonde é dito: "É o cachorro que urina no poste, e não o poste no cachorro")

Asheeeeeeee Iboruuuuuuu Kaio Noronha Reis!

Refletir e aprender é preciso...

Aprender e refletir sempre será necessário!

Ito Ibán Èsù...

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