segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Odú Mefán Ifá

Iboru Iboia Ibosese,
há exatos seis anos atrás, no correto dia de 27 de Agosto do ano de 2006, quando depois de dois meses e dois dias de Consagrado como Àwó ny Òrúnmìlà Ògúndá Ìretè IfáOrí pelas bençãos de Bàbá Olofin, meus Padrinhos e todos os Bàbálàwós, tive a primeira grande benção e responsabilidade dada por Bàbá Òrúnmìlà, cinco Orís e cinco Orixás diferentes, quando estes me tiraram do eixo de um simples Bàbálàwó que estava fresco e no seu tempo inicial de aprendizado, e me deram um BARCO DE CINCO PESSOAS à serem iniciadas na Nossa Cultura Afro Cubana Brasileira de Ifá por minhas mãos, pelo meu Ifá e com a responsabilidade e ajuda de todos os meus maiores.
Confesso que, num dia de hoje, seis anos depois, não faria a loucura de encarar tal tarefa e benção, pois conscientemente vejo o quanto era totalmente prematuro e imaturo, porém quando as primeiras consultas começaram à acontecer e Ifá encaminhar à cada um nos seus destinos que precisavam ser cumpridos, somente ouvia do meu Padrinho: "Meu Afilhado, se algo ou alguém toca à sua porta ou sua vida, é porque Òrúnmìlà acredita em você e esses Orís juntamente com seus Orixás lhes dão a benção e a autorização para que você possa cuidar de cada um que nela tocar, e você tem uma família e um Padrinho de Ifá que pode contar, e sempre estaremos juntos, tanto nas suas vitórias quanto nas suas derrotas... Itó Ibán Esù!".
E com todo esse apoio seguia procurando estar mais próximo possível de meu Padrinho e sempre que pintava alguém para consultar, de imediato marcava com o mesmo, e sempre o fazia sob suas orientações e companhia, aonde o mesmo com toda sua experiência seguia me ajudando em todas as caminhadas. E era um jogo aqui, outro ali, até que o meu irmão Bruno, que era amigo pessoal do Júnior, e sempre consultava para o mesmo com os seus Diloggúns de Obá Oriaté, numa determinada consulta, Eleguá o mandou parar e indicou que este não mais tinha caminho à ser cuidado na parte de Orisa, daí o Bruninho teve a brilhante ideia de me indicar (seu irmão) para que pudesse dar continuidade na caminhada e destino de seu amigo.
Confesso que, de imediato, por alguns motivos que somente eu sei, preferi dizer não, e pedi que o Bruninho o  encaminhasse para outro determinado Sacerdote, porém tive nesse momento o meu primeiro esporro e a dura conscientização que eu jamais poderia dizer "NÃO" à quem procurasse Ifá através de minhas mãos e orientações, pois tanto o meu Padrinho, quanto o meu Irmão, como minha Madrinha, meus irmãos e amigos Babalawos e Apetebis... quase arrancaram o meu fígado e me contaram todos os caminhos possíveis que levam um Sacerdote à jamais poder dizer:
"NÃO, EU NÃO POSSO ATENDER!"...
"NÃO, EU NÃO QUERO ATENDER".
E com todas essas explicações marcamos o jogo do Júnior e aí desencadeou que ele não só mais não se consultaria com o Meridiloggún do meu Irmão, como teria que para ontem, se iniciar à nossa Cultura de Ifá e com isso, se já era para mim algo totalmente novo e complicado, ali já começava à sentir o peso de ser um Bàbálàwó, aonde todos os juramentos que dentro do IgbodúnIfá que fazemos e passamos, começavam a vir à tona e acima de tudo se justificarem, e realmente começava a questão forte de quanto nós somos totalmente importantes para Bàbá Òrúnmìlà, a Cultura de Ifá e para toda a humanidade que precisa, busca e quer um caminho através do Oráculo Sagrado de Ifá.
E como seguiu nos primeiros e segue até hoje, aonde meus barcos nunca pararam no primeiro Afilhado, com exceção do David, aonde dividimos eu e meu Padrinho, pois fui Padrinho dele e Janda Padrinho de sua Mãe (Valdilene ObaraSá), fora disso, sempre começava com um puxando o barco e até o dia do jogo de entrada, sempre acontecia e ainda acontece de aparecer as pessoas e o barco vai criando peso, aonde de um, já chegou até a conta máxima, até os dias de hoje, de seis iniciados.
E lá atrás com o Juninho puxando o barco, pintou o Jonas que algum problema carregava nos seus caminhos, pois entrou duas vezes para fazer Orixá e não conseguiu... assim como, pintou a Clarinha que ainda muito novinha e com alguns probleminhas de saúde, fiz um acordo com o meu Ojugbona e ele me deu a bendição de ser Padrinho da mesma... logo depois veio meu priminho e quase filho Marcellinho, que sempre me acompanhou e me teve com um pai e amigo herói, e quis seguir na minha mesma caminhada, aonde usou de todos os artifícios para convencer sua mãe (minha tia) que ele queria entrar e que ela deveria acompanhá-lo, e assim aconteceu.
O Barco Inicial tomou um corpo, uma cara e ao mesmo tempo, todos aqueles que me acompanharam na Consagração de Ifá, muito me falaram e aconselharam que, eu tinha um Odú Ifá de Prosperidade, que salvava à Religião e que muitas pessoas iriam me procurar para se iniciarem, mas como brincou o Tio Cláudio ao receber a minha ligação quando o convidei para o barco, aonde ele questionou de quantos seriam e eu disse a conta final que era de Cinco Futuros Afilhados, ele disse: "Caramba Júnior (menção à ter o mesmo Odú Ifá do Babango Rafael Zamora), eu sabia que você iria ter muitos afilhados, mas você tem somente dois meses de Ifá e já com um barco inicial de cinco pessoas (risos), é Òrúnmìlà não te aliviou mesmo, mas conta comigo que estou dentro".
E seguindo os conselhos que Ifá me deu desde lá do Igbodún Ifá, minha vida começou a tomar aí uma proporção e correria contra o tempo, pois mal sabia para mim, que dirá para cinco novos afilhados, aonde Ifá deixa claro que, aqui não se tem lugar para burros, portanto, já sabia que seriam pessoas que muito iriam me cobrar e eu teria que a partir dali tomar grandes decisões e buscar o quanto antes. E assim foi, pois com o jogo de entrada, com os Babalawos convidados, juntos com todas as Apetebis e Awofa kans, caí para dentro e não pipoquei com os caminhos que Orunla me deu e que aqueles Cinco Orís e Orixás apostaram em mim, e fomos para dentro. Tive apoio, tive carinho, tive discussões, decepções e brigas, mas foi fundamental para todo o meu início e despertar como Sacerdote, pois coisas que aconteceram nesse Barco me serviu para todo sempre.
Ao sentar para Atefá para a minha Afilhada Sandra (tia) Olorisa Omó Oyá, tive todo o aperto, arroxo e ensinamentos de meu já falecido Babango Ifá, quando este querendo me ensinar pegou pesado de todas as maneiras, e com todo o meu nervosismo, que não era pouco, tive a minha primeira como Apetebi Omó Odú Ifá Bàbá ÒgúndáMéjì, e daí com isso, se a coisa já era complicada (risos), acabou de esquentar a panela de pressão... 
Seguiu o atefá, os ebós e os conselhos foram dados, e com a primeira conclusão, seguimos e partimos para a segunda Afilhada Ana Clara, aonde esta no mesmo ritmo de meus maiores teve a revelação de Orunla, aonde veio como Apetebi Omó Odú Ifá OgbeAte Omó Òsún, e como brincou o Tio Cláudio, num barco de cinco, seria impossível não vir esse Odú, pois segundo ele, eles querem dominar o mundo.
Com o terceiro já depois de todo o processo da Clarinha, mesmo aperto, mesmas coisas, mesmo nervosismo e me senta um menino que quase como um filho e amigo, esse meu priminho foi agraciado por Orunla como Awofa kan Omó Odú Ifá OdiSe, aonde o mesmo já era Olorisa Omó Obatalá, e para ele, não sei se foi tão bom assim, no seu decorrer, pois Ifá na hora foi uma mãe, mas no decorrer de sua caminhada, o apertou bastante e a palavra de Ifá não caiu ao chão.
Veio então o grande responsável por todo esse barco e por minha precocidade dentro de Ifá, aonde Juninho, sentou e ao ser Atefado Orunla lhe deu a graça de ser Awofa kan Omó Odú Ifá Bàbá OyekùMéjì Omó Obatalá, aonde que, tudo que já estava começando a esfriar com a vinda de OgbeAte e OdiSe, voltou a tona com o meu segundo Afilhado "MÉJÌ", e para os que conhecem de Odú Ifá sabem que, a missão não é nada fácil, como o Candomblé costuma dizer: "SÃO OS FILHOS DOS CABEÇÕES".
E para finalizar o tão complicado Barco, veio o Jonas, que como expliquei lá em cima, sofreu várias perseguições em sua vida, caminhada e destino, e tentou de todas as maneiras buscar fazer o seu Orixá, que sempre deram para ele que seria Òsún, mas este não conseguia de jeito maneira, concluir seus passos até o final, e com todo aquele peso astral que lá estava, esse meu afilhado foi agraciado por Orunla como Awofa kan Omó Odú Ifá IkaObara, e como acontece com todas as pessoas que se iniciam em Ifá e não tem Orixá feito e consagrado, Orunla obrigatoriamente ao final pergunta de quem o Neófito é filho, e lembro do nervosismo do mesmo, pois mesmo sendo a sua pergunta por direito a primeira, ele poderia ali levar um grande não de Bàbá e com isso, toda a sua caminhada e crédulo poderiam sofrer um baque, já que, ali ele poderia passar a não mais ser filho de Oxum... nervosismos a parte, atefá iniciado e Orunla disse que sim (risos), acho que o peso para ele, não era nem saber de seu Odú Ifá, mas sim o confirmar o seu Santo, e assim lhe foi feito.
Com todos atefados, conselhos dados e ebós feitos, cada um colocou a sua melhor roupa e se preparou para receber o seu Ifá, escutar mais algumas coisas relacionados à Cultura e escolher os seus devidos Ojugbonas, e assim tudo foi muito bem feito, aonde com a ajuda de todos os maiores, desde os Babalawos às Apetebis e Awofa kans, nada tenho à reclamar, pelo contrário, aproveito o espaço para mais uma vez agradecer, como sempre o fiz, porém agora, totalmente de maneira Pública.
Então dentro dessa história que ao mesmo tempo, um pouco longa, mas vos lhes digo que, ainda sim, muito resumida, gostaria de mais uma vez, através do Nosso Blog parabenizar o meu PRIMEIRO BARCO DE IFÁ, aonde ganhei de ÒRÚNMÌLÀ a benção e a responsabilidade dos meus CINCO PRIMEIROS AFILHADOS.
E com esse mesmo carinho, gostaria de deixar também os meus votos de amizade e amor para cada um, porém não somente aos CINCO PRIMEIROS, como também para todos os demais Afilhados que, por minhas mãos e pelo meu Ifá foram iniciados, aonde me deram os créditos para iniciar e orientar sempre que queiram buscar caminhos através do Oráculo de Ifá. Pois, o amor que um Padrinho sente pelo seu Afilhado, não tem algo no mundo que possa ser comparado, além de nossa já tradicional e abençoada família Carnal, aonde que, para muitos às vezes, deixo de ser somente o Padrinho e acabo sendo o familiar.
E com esse mesmo carinho e amor, mais uma vez agradeço à Orunla, Songo e Oxum, assim como à todos os meus Orixás e Ancestrais, pois não tem dádiva melhor no mundo do que poder servir e salvar à humanidade quando ela quer e busca salvações e seus perdões, e como Sacerdote de Ifá, posso eu, nesse complicado ou sagrado momento, servir de instrumento de ligação do Aiyé ao Orún para o humano que o busca.
Iboru Iboia Ibosese, agradeço à cada Babalawo, Apetebi, Awofa kan, Meu Babalorixa e Minha Iyalosa Ojugbona, meu Obá Oriaté, minha Ayafá e minha Apetebi atual, assim como à todos os meus Afilhados e amigos de Axé, por cada ajuda dada desde os meus primeiros dias, assim como até os dias de hoje e já agradeço de forma antecipada, pois sei que para a NOSSA CULTURA AFRO CUBANA BRASILEIRA DE IFÁ, esta será mutua e para todo o sempre!

Aproveito para deixar também, os nossos mais sinceros votos benéficos e os parabéns à Beatriz Oní Sòngó, sendo a mesma, ainda não iniciada à Cultura de Ifá, porém hoje, junto com o seu Barco está comemorando  seu Odú Kán Òrìsà Bàbá Sòngó, e que o mesmo junto com Òrúnmìlà Bàbá Ifá, Gbogbo Orisa, Gbogbo Osa y Gbogbo Egún, além dos parabéns, possam também trazer todas as bençãos e proteções.


Onareo,

Robson Abreu
Oní Sòngó ty Òsún Obákoyde,
Bàbálàwó ÒgúndáKetè,
Ketè Lorugbo, IfáOrí.

Nenhum comentário:

Postar um comentário