Iboru Iboia Ibosese,
gostaria de deixar aqui registrado, o aniversário de Consagração de Ifá do nosso amigo e irmão, Bàbálàwó ní Òrúnmìlà:
Marinho, Omó Obatalá, Bàbálàwó ÒdíBara.
Que no dia 22 de Junho de exatos quatro anos atrás se Consagrou na Cultura Afro Cubana Brasileira de Ifá, como Sacerdote supremo da mesma, com as bendições de Bàbá Òrúnmìlà e Bàbá Olofin, na casa do Abure e meu Primo de Ifá, Bidarra Babalawo OgbeYuno, onde o mesmo foi Iniciado à Cultura de Ifá pelas mãos do Babango Ifá Rafael Zamora (em memória), mas deu continuidade dentro da Cultura, até chegar ao grau Sacerdotal com o nosso mais velho aqui no nosso Brasil, Pedro Colazzo, Oluwo Siwajú OseBara. Aonde com a ajuda de todos os Babalawos, Apetebis e Awofa kans, cumprimos com Ifá, Olofin e todos os demais que participaram daquela Consagração.
Consagração essa que reuniu um número grande de Sacerdotes, Apetebis e Awofa kans, pois todos estavam em completa harmonia, unidos e em prol de ajudarem um "ESTRANHO NO NINHO", e o porque digo isso?! Pois Marinho, como carinhosamente o chamamos, foi um cara que sempre esteve um pouco afastado da Cultura, desde os próprios tempos antigos que frequentava a Casa de meu Avô, o qual o iniciou, mas até mesmo depois, quando começou a se cuidar com Pedrito, e buscou os seus caminhos que Ifá o havia designado.
Então, poucos o conheciam, poucos tinham envolvimento e carisma com o mesmo, acho que o número não era propriamente tido como zero, pois havia Pedrito e mais alguns, mas fora disso, quase que ninguém o conhecia, ao contrário da nossa Rama, que estávamos sempre em contatos, sempre em cerimoniais, e já nos entendíamos no olhar, e desde aquele tempo já era uma coisa muito gostosa.
Então, começam os contatos, começam as movimentações, Pedrito preparou toda a parte de Obatalá com a Madrinha de Orisa do Marinho, que era esposa do Pedrito na epoca, e essa era a nossa Ana Cláudia "Dinha", Apetebi Ayafá OturaYeku, Oló Òsún ty Obatalá, que junto com o seu marido, e mais alguns santeiros, santeiras, Babalawos e seu Padrinho Obá Oriaté Rodolfo, cuidaram de toda a parte de Orisa. Não lembro porque motivos, mas não participamos dessa parte, foi bem fechadinho na casa do meu Padrinho, mas que seguiu e teve todos os seus devidos cerimoniais.
Pedrito então prosseguiu com as cerimônias prévias, e mais fomos convidados diretamente para o Ifá, e quando fomos, lá estávamos... E lembro que ao chegarmos para os preparativos de todos os cerimoniais consagratórios, deparamos com o então Omofá Marinho, junto com os seus pais, nervoso como logicamente estava e como todos ficaram e muitos ficariam, e de cara, com todo o coração do mundo, ninguém foi muito bem com ele, pois além do Pedrito que era o seu Padrinho e do Janda que era o seu Ojugbona, com mais ninguém o caboclo puxava conversa, e com isso, já ia ganhando o carinhoso direito de "DESCONTARMOS TUDO" nos próximos cerimoniais (risos, nada pessoal).
Seguimos com as cerimoniais, demos conta de tudo minuciosamente, como sempre fomos categoricamente exemplares, pois verdade seja dita, muitos trabalham, mas os afilhados do meu Padrinho têm um diferencial, não por ele, pois nosso Padrinho é um descarado (risos), mas pelo nosso jeito mesmo e amor por e para Ifá.
E quando chega na noite de sábado, quando é chegada a noite do Caboclo passar por um devido cerimonial, depois de um longo dia de duras "PENITÊNCIAS", todos entramos para a casa do Pedrito, aonde o Omofá iria passar a noite com as cerimônias, e demos cabo de mais uma, e lembro que fui eu quem presidiu o cerimonial, com a ajuda de todos os Babalawos e dos mais velhos, cerimônia fechada, segredo nosso e tudo seguiu, tivemos as autorizações de toda a turma lá de cima para que pudéssemos prosseguir e assim o fizemos.
Cerimônia feita, Omofá recolhido, tudo tranquilo, vamos confraternizar com toda a turma, rever todos os conceitos e cerimoniais, aprender e trocar idéias com tudo e com todos, e assim ficamos no quintal do Bidarra, aonde muitos iriam dormir por lá mesmo, pois Ifá começa super cedinho, quando o caboclo vai entrar no domingo. Quando de repente, minha ex esposa, desavisada, adentra o quarto aonde o camarada estava recolhido, pois eu havia deixado a bolsa do Chumbinho (nosso filhos de dois anos na época) lá dentro do quarto, e quando este chorava, ela nem pensou duas vezes e foi quarto adentro.
Corri atrás, avisei e consegui chegar a tempo (risos), daí fui avisando que não poderia entrar, pois o Omofá estava lá dentro e tal, e que não seria legal para a mesma, foi quando de uma maneira inusitada, ela pegou e perguntou: "Omofá? Que Omofá que está lá dentro? Não tem ninguém lá, pois abri a porta, peguei a bolsa do chumbo e não vi ninguém lá dentro além de uma pessoa doente, quase morrendo, o futuro Babalawo não estava lá dentro, você pode ficar tranquilo, Birica".
Quando a mesma falou isso, todo mundo ficou olhando meio que estagnados, um olhou para a cara do outro, e pude saber depois que, não foi só eu que sozinho pensei aquilo, pois todos pensaram de maneira rápida e junto comigo: "O Omofá fugiu (risos)". Pois todos lá sabiam que o cara era marrento, não ligava para nada, não tinha o mesmo amor que tínhamos por Ifá e muito mais coisas.
E a cena foi conjunta e de imediato, todos corremos para o quarto do Pedrito, pois quando uma cerimônia de Ifá começa, tem que terminar, senão é com o futuro Babalawo, tem que ser como o Awofa kan mais velho, mas que tem, tem... E quando entramos no quarto, ficamos aliviados de vermos que o Marinho estava lá, todos saímos aliviados e eu disse para a mesma que o cara estava lá dentro e que tudo estava normal, e numa outra maneira inusitada ela nos respondem: "Quem? O Omofá? Aquele que está lá dentro respirando que nem um quase morto numa UTI? Vocês tudo serão presos amanhã, pois esse cara não está aguentando respirar, que dirá passar pelas cerimônias duras de vocês, amanhã todos vocês estarão na cadeia".
Daí foi aquela risada generalizada, e todos sabíamos que ela não estava errada, pois o Marinho para poder dormir, antes de fazer Ifá, o cara dormia com um tubo de Oxigênio e aquele treco já fazia barulho, e ele então, tentando puxar o ar que não vinha, fazia mais ainda, e realmente era algo de se assustar. Mas, todos tínhamos fé, todos éramos super devotos de Ifá e sabíamos que nada de mal iria acontecer.
Sabíamos? Tínhamos fé? (risos) Esquece, podem esquecer... (risos) Não tinha fé que segurasse a insegurança de cada um naquele momento, pois o Marinho era um morto vivo e o Pedrito mais morto ainda, por querer salvar algo que já estava completamente perdido e com o pé na cova (risos). Mas, enfim... como é por Ifá, né?! Vamos que vamos, e fomos... (Mas, aqui entre parenteses e bem baixinho falando: "Todos estávamos com um medo do cão (risos)").
Terminamos as conversas, fomos dormir, tudo direitinho... amanhece o dia, e os carrascos se levantam e a presa também, terminamos de preparar as coisas, damos ciência a quem tem que ser dado e a pior parte estava terminando de passar, pois se tem uma coisa que todos têm medo, é da Porta de Olofin, mas isso é secreto e é uma outra coisa, e só pertencem à nós Babalawos, mas sabemos que é um funil que todos tremem, e Marinho havia passado pela mesma e já estava dentro do Igbodun Ifá.
Começam os cerimoniais lá de dentro, e Ifá é Ifá, e quem lá entra, tem que passar e se portar como homem, como aqui brincamos: "TEM QUE SER CAVEIRA", e tudo foi imposto ao Marinho, não faltou uma só cerimônia e para surpresa de tudo e de todos, ele encarava como ninguém, até mesmo na mais complicada ao meu ver, ele não pestanejou e caiu para dentro, e a cada vitória dele, o quarto de Ifá mais aquecia e todos nós enlouquecíamos com a vibração dele e de todo o grupo, pois aquele "DOENTE" deu uma lição de vida e superação para todos nós, pois ele em todos os Ifá que eu havia ido, ainda não tinha visto, ninguém debilitado como o mesmo, e que dirá, passando nos cerimoniais como ele passou.
Quando terminou o cerimonial e o mesmo estava no seu primeiro dia já Consagrado, claro que, era só o início de todos os demais cerimoniais que ainda viriam, não tinha um só Babalawo que lá estivesse, que não estivesse completamente emotivo e vibrando horrores com aquele camarada, e logo o mesmo, passou de marrento, prepotente, maurícinho e arrogante, para o cara mais gente boa de Ifá que nós já havíamos conhecido, pois todos logo o associaram ao Tio Cláudio OseFun que é um sacana nato em pessoa, Sacerdote também, dono de um lindo coração, mas Marinho era Marinho e tinha um carinho, brincadeira, jeito e até motivos diferentes, pois ele estava vencendo a morte, e se deu conta ali no seu primeiro dia, que todos sabemos que é o dia mais sofrido, que ele estava vencendo todas as suas doenças e até mesmo a morte. Asè...
Seguimos quase que internados todos os dias com o mesmo, pois quando Olofin está na Terra, não tem um só Babalawo que quer ficar longe do mesmo, pois todos nós nunca sabemos quando o iremos ver novamente, e com isso Marinho foi super beneficiado. Mimos a parte, chega o dia do Iyoye, todo cerimonial preparado, e é o único de Ifá que é aberto para tudo e todos, iniciados e não iniciados, e Marinho aponta na porta do quarto de Ifá, e seus pais que lá estavam, viram aquele homem passar, e continuaram a olhar para a porta do quarto, com a esperança do seu filho sair também junto com aquele senhor.
Não se deram conta? Pois lhes digo: "Os próprios pais, não mais reconheceram o seu próprio filho"; E somente depois se deram conta de que era o Marinho deles que estava lá fora, encarando as duras varetas e os carniceiros Babalawos, e nesse vai e vem, nas duras sete voltas, eu lá estava e ao invés de estar feliz, por estar livrando o camarada das suas negatividades, eu e mais todos que lá estavam, ficamos é revoltados, isso sim (risos), pois o mesmo já tinha tirado todo o cerimonial de letra, e no seu Iyoye, que muitos correm, outros choram, uns não tem coragem de passar, outros o Ojugbona fica agarrado nas costas e não deixa ninguém fazer o cerimonial, como muitos já vimos e muitos têm registrados em vídeo, pelo contrário, Marinho passou o Iyoye sorrindo, alegre e sacaneando todo mundo, com uma cara tão feliz e tão sacana, que irritou a tudo e a todos (risos), mas no fundo, todos estávamos felizes, pois ele estava muito feliz e completamente renascido.
E se pararmos para contar mais detalhes, irá render milhões e milhões de palavras e de repente não irei conseguir expor aqui todo o carinho que temos por esse Abure e toda a felicidade que todos ficamos, tivemos, vimos e sentimos, de quanto Olofin obrou na vida desse sujeito. E de certo, contagiou muito, um Ifá muito gostoso e harmônico.
Então, para não ser mais extensivo, deixo aqui os nossos registros de parabéns, pelos seus Quatro anos já consagrados como Babalawo de Ifá, e juntamente, damos os carinhos e parabéns também para o seu Padrinho e Oluwo, Pedrito OseBara, pelo excelente trabalho espiritual feito.
Que Marinho, sua filhinha, seus Pais e todos os seus vivam com "GBOGBO IRÉ" intensamente e que possam cada vez mais buscar esclarecimentos e caminhos frescos junto de Bàbá mí Òrúnmìlà Ifá.
Meus parabéns de todo o coração e que seja mais um ano de milhões que virão e que seja sempre de forma positiva.
Muito axéeeeeeee, meu irmão de orgulho e coração...
Ona ire o,
Robson Abreu
Oluwo Siwaju IfáOrí.
lindas fotus dindo !!!!
ResponderExcluir