quarta-feira, 27 de junho de 2012

Meu Odú Ifá

Iboru Iboia Ibosese,
obrigado, obrigado e mais um milhão de obrigados... mas também aquele pedido de perdão à tudo e a todos, mas como ninguém é perfeito, não adianta querer agradar a todos, pois somente Deus chegou mais próximo e nem ele de certo conseguiu, mas pelo menos tento fazer a minha parte. E fazendo a minha, acabo procurando dessa maneira elevar o nome da Cultura sempre, pois é o nome de Ifá que deve sempre estar muito exaltado, e todos sabemos que sempre esteve, está e sempre estará e só faço colocar um pouquinho mais de tempero terreno para que a coisa fique mais e mais apimentada.
Porém, agradecimentos e pedidos de desculpas a parte, completei ontem exatos 6 anos de Consagração de Odú Ifá, aonde tive o apoio de tudo e de todos, como já expliquei em postagens anteriores. E nesse ano, em mais uma comemoração, quis mais uma vez poder elevar cada vez mais o nome da Cultura e o de Ifá e dar uma pequena contribuição e gesto de gratidão à Bàbá Òrúnmìlà por tudo que ele faz por todos nós, e por mais que fosse eu o aniversariante junto com o meu Odú Ifá, quem sempre comemora são todos da Cultura de Ifá e os que vem de fora e prestigiam esse grande homem, pois quanto mais fazemos pela Cultura, cada vez mais, não teremos tempo para picuinhas, disse me disse, e todos os mais negativos e infinitos osogbos, portanto, nada como um bom tambor, nada como um bom toque, pois se na África faziam, em Cuba ainda fazem, por que não comemorar da mesma forma aqui no Brasil!?
Sabemos que um Tambor sai caro, mas não tem preço que pague o carinho, amor, proteção e caminho que esse Orisa nos dá através de seu Oráculo Sagrado, portanto, todas as economias podem e devem ser gastas, todas as despesas adiadas, junto com todas as contas vencidas, e com o dinheiro que será poupado, não seria mais do que justo, convidar a tudo e a todos e fazer o que realmente Ifá queria. Pois, muitos podem achar que eu gostaria de aparecer, queria fazer algo para dar um grande boom na Cultura e nas pessoas, porém, não foi, não é e jamais será isso que irá acontecer, pois sempre aprendi que: "SÓ FAZEMOS EM IFÁ, AQUILO QUE O ORÁCULO NOS PEDE E ORIENTA" para que possamos cumprir da melhor maneira, e há algum tempo atrás, ao me consultar, Ifá determinou que deveríamos nos unir mais, que deveríamos estar mais presentes e amáveis uns com os outros, independente dos credos e cargos, Ifá primava pela união, como veio pedindo no início do ano, no Odú Ifá que vem regendo o ano de 2012.
E entendendo com todo o carinho possível, decidi dar cabo de algo que eu já gostaria de fazer há muito tempo, e fiz. Contactei a tudo e a todos, não pude ligar para todos como gostaria, pois por mais que tenha um plano de minutos na operadora que tenho, são muitas pessoas dentro da Cultura de Ifá, de Orisa e mais os meus Familiares e Amigos, então como somente pago R$ 9,90 pelo plano de sms infinitos, nada mais do que justo, né (risos)?!
E comecei com as mensagens, comecei com algumas ligações, alguns emails, etc... e de certa maneira, para ser sempre verdadeiro, pensei em desistir, pois até chegar essa semana que estava começando, aonde precisávamos ter uma noção de quantos viriam, dos mais de 200 contatos feitos, somente 6 pessoas me confirmaram que estariam aqui. Então vocês imaginam o quanto a cabeça não girava, eu nervoso, a Thatá nervosa juntinho, e realmente não sabíamos o que faríamos. Mas, acreditamos em Ifá, cumprimos com o que ele pediu e esse sacana, esse cabrón chamado Orunmilá nos torturou até os últimos minutos, pois começamos comprar as coisas finais de mercado e mais algumas outras na quarta, aonde de certa maneira tive que deixar o trabalho um tiquinho de lado, não pude mais atender ninguém, para começarmos a dar cabo e demos.
Fomos caminhando, fomos levando e foi chegando o final de semana, e a mesma coisa seguindo, e de maneira alguma arredamos o pé e firmamos, seguindo aquela base: "NÃO LIGUE, ESTAMOS FAZENDO POR IFÁ"; (risos) só que essa base tem limite e mesmo que fervoroso na fé, a coisa balança, né?! (risos) Mas, fomos lá e caminhamos, passei o final de semana com o Chumbinho, fui curtindo o filhotinho de todas as maneiras possíveis e infelizmente tive que levar ele na segunda de manhã, pois ele tinha as suas aulas, e tudo para ele é muito importante, e realmente eu não poderia deixar de cumprir com essa parte com ele.
Pegamos a reta, eu ele e meu irmão Egídio, passamos na casa dele, deixei o nosso bichinho e de lá, seguimos para a Cadeg, lá pelas seis da manhã e fomos comprar as flores fresquinhas para poder presentear Ifá, Orisa e Egún. Compramos tudinho, seguimos comprando as coisinhas finais, e somente fomos chegar lá pela 12:30 em casa.
Começamos a correr atrás de tudo e de todos e só tínhamos na casa: Eu, Egídio, Thatá, Jonas, Vera e Fabinho para arrumarmos a casa toda, o Trono, as frutas, as flores, os salgados, a comida, as bebidas, etc... ah, e como eles sempre me xingam por isso, não poderia deixar de citar: AS BOLINHAS DE GÁS que tanto amo (risos) e que todos eles detestam, aonde têm a coragem de dizer que eu não tive infância, é mole (risos)?!
A hora foi apertando, o Dudu atrasou um pouquinho para pegar o nego Léo (meu Padrinho de Aña e amigo), e o mesmo por estar debilitado, dotado de uma boa gripe e com toda a sua trupe, teve todo o direito de falar, porém ele sabia e sabe como é esse nosso Rio de Janeiro, com os engarrafamentos horrorosos, e procurou da melhor forma me perdoar e nos entender, e mais uma vez eu agradeço por tudo.
Enfim, querendo ou não, com os engarrafamentos e atrasos, até que ganhamos um tempinho para podermos terminar com tudo e tirarmos as caquinhas e os chulés de cima, pois trabalhando daquele jeito, não existia perfume importado que resistisse, né?! E foi chegando a turma e o primeiro que veio chegando com sua Apetebi e filho foi o Alcio OsaFun, que aproveitou também e meteu a mão na massa e a coisa foi caminhando e seguindo da melhor maneira possível.
Subi, tomei o meu banho, comecei a me arrumar, e esperançar lá no fundinho para que todos viessem e que juntos pudéssemos mais uma vez comemorar e harmonizar junto com Ifá, nesse complemento de mais um ano, não demorou muito chegou o meu Padrinho de Ifá, que chegou logo após Tio Carlão (meu Padrinho e amigo de Oduduwa), e a turma veio chegando, a campainha tocando e a casa enchendo, e a coisa foi tomando uma proporção tão gostosa que, quando fechei os olhos estava preocupado, porém quando abri novamente e enxerguei toda aquela gente que já estava na casa, e a profecia de Ifá seguia sendo feita, fiquei muito, mais muito feliz mesmo, e verdadeiramente falando, de certa forma, muito aliviado.
Então, com quase 20 pessoas que já tinha na casa, demos ciência à Gbogbo Egún, para que tudo pudesse ser aberto e o cerimonial dado a devida sequência e estes deram as suas devidas e concretas autorizações, e com isso partimos para o quarto de Ifá, aonde Léo e todos os tamboleiros se preparam e começaram o Oro Seco para Ifá. Léo num instante, me perguntou, reafirmando a nossa conversa pelo telefone, o porque seria o tambor, eu o expliquei, ele então mojubou, deu ciência e antes de começar a tocar, virou e me perguntou:
-Robinho, o Tambor que iremos dar, comemora um 1 de Ifá?!
E eu de imediato respondi que não, e sim, corretamente seriam 6 anos como Babalawo. Daí ele virou com a segunda pergunta:
-Iboru, então qual é o seu Odú?
Virei para o mesmo e respondi como não poderia ser outra responda Ogunda Kete.
Léo meio que viajou rapidamente, não sei no que ele pensou, não sei no que ele refletiu, ficou alguns segundos calado, e depois deste silêncio expressou no melhor estilo NEGO LÉO:
-Bom, meu irmão, sabes que está fazendo um grande Ebó, né?!
Respondi que sim, e o mesmo:
-Então vamos e Ito Ibán Esú...
Concentramos, os Tambores começaram a soar e a buscarem longe, como nos diz um determinado Odú Ifá e ao mesmo tempo que você para e quer acompanhar o som maravilhoso que sai deles, a sua cabeça para e começa a fazer você viajar com uma série de pensamentos e você começa a viver um filme de tudo que aconteceu, de tudo que passou e de quão você venceu e estava ali comemorando da melhor e mais Tradicional forma, junto com o seu Ifá, seus Orishas, seus Ancestrais e acima e melhor de tudo, com sua Família Religiosa que todos esses mencionados nos deram.
Terminamos com o Oro Seco, eles tomaram um gás e começou o Toque, já nessa hora de uma maneira aberta, aonde todos têm o direito de participar, e ao contrário do que combinamos, aonde não iríamos colocar uma só cadeira, além dos Tamboleiros, pois queríamos todos participativos, para que pudéssemos aí começar a mudar um pouco a cara do Tambor, da maneira de prestigiarmos, porém a coisa já não era mais possível, pois mais de 90% estavam acomodados na sua cadeira, então me restou fazer a minha parte, e diferente de todas as minhas ações anteriores, fiquei todo o cerimonial em pé e procurando participar de todas as maneiras, e tive o apoio e companhia da minha Apetebi, do meu Irmão, dos meus afilhados e de mais alguns que entenderam o espírito e força do cerimonial.
Então cada Orisha foi sendo louvado, e como é de costume no nosso Tradicional, cada filho daquele determinado Santo ia até Aña saudava da maneira como é devida e tudo corria maravilhosamente bem, aonde o toque começou morninho, porém foi esquentando, alguns Orishas tiveram mais prestígios, pois seus filhos perderam a vergonha e dançaram para Aña e o Orisa que estava sendo louvado e a coisa foi ganhando corpo, palmas, amor, energia e o calor foi tomando até que chegou a hora do Grande Homem e não preciso dizer o quanto tudo e todos foram tocados e contagiados, aonde o Léo deu liberdade e cantamos e louvamos um pouco mais para Ifá e a coisa ficou muito boa, tanto que me rendeu uma garganta rouca no dia de hoje (risos), mas lhes digo, valeu muito a pena!
Ao terminar com o Grão Mestre chegou o momento de me apresentar para este maravilhoso e forte Orisa, chamado Aña, pois como já disse acima, há algum tempinho atrás me jurei nesse Culto, pois é algo que tem todo um grande fundamento com Sòngó e é importantíssimo para todos nós da Cultura, porém depois de jurado, você tem que dar um toque para esse Orisa ou algum outro e se apresentar ao mesmo. E até tive a oportunidade, porém foi uma época que a minha avó estava muito doente, e a doença que a pegou era muito complicada e delicada e eu tinha no fundo do coração que não mais a teria, então decidir não ir ao Tambor e fazer uma visita a mesma e dar e receber aquele carinho. E por mais incrível que pareça a intuição valeu e muito, pois no decorrer daquela semana, essa senhora que além de Avó, era minha Madrinha, não mais aguentou toda tortura que estava passando e nos deixou. Então, um ano e um pouquinho depois, nesse tambor à Ifá aqui em casa, conversei com o meu Padrinho de Aña, e assim o fizemos, concluindo mais esse caminho dado por Ifá.
Depois daí foi o Obí Omí Tutu aos Guerreiros e a Ifá, aonde todos responderam da melhor forma e o resto todos já sabem, confraternizar e seguir como manda e determina Ifá.
E aqui somente venho agradecer à tudo e a todos, pois sem a harmonia, respeito e o carinho dado e trocado em todo o dia de ontem, por todo o cerimonial, nada poderia ser possível, e não tenho um só direito de reclamar de nada, pois todos que estavam me fizeram muito feliz, conjuntamente à Ifá, aonde o mesmo respondeu dando a sua excelente resposta e espero poder no mínimo, ter respondido com o mesmo carinho ou mais à todos aqueles que lá estiveram e que honraram e elevaram o nome de Ifá. Lamento também à todos que não puderam comparecer, mas entendo completamente que foi num dia complicadíssimo, aonde a semana estava começando, caindo num dia de trabalho, aonde todos teriam que trabalhar no dia seguinte, aonde eu mesmo fui um deles, mas mesmo assim valeu.
Obrigado obrigado e obrigado,

as fotos aqui têm uma limitação, portanto, todas as que eu recebi e as que tiraram para a mim através da filmadora, estão na nossa conta do youtube, a parte 1 está lá em cima, no início da postagem e a segunda está aqui agorinha em primeira mão, curtam bastante, e assim que receber as demais, faço o terceiro vídeo.
Iboru Iboia Ibosese,

Robson Abreu
Babalawo Ogunda Irete IfáOrí
Oní Songo ty Oshun Obakoyde.

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