Iboru Iboia Ibosese,

Estamos embalados em mais um grande trabalho dentro da Cultura de Ifá que nos faz dedicar cada vez mais, embalar de uma grande e gostosa maneira e acima de tudo sentir cada pedacinho, desde cada otá perguntado, cada caminho apontado, os jogos de entrada, os dias que antecedem, toda correria, nervosismo, revisão, etc etc etc...
Até que chegue a bendita sexta-feira, sendo o primeiro dia da Descoberta de todos os caminhos de uma pessoa, sendo para uma vida provisória ou uma totalmente definida, seja por qual caminho for, esta ou estas pessoas que buscam chegar a tal momento irão estar dando continuidade à um Grande e Importantíssimo Ciclo.

Estamos embalados em mais um grande trabalho dentro da Cultura de Ifá que nos faz dedicar cada vez mais, embalar de uma grande e gostosa maneira e acima de tudo sentir cada pedacinho, desde cada otá perguntado, cada caminho apontado, os jogos de entrada, os dias que antecedem, toda correria, nervosismo, revisão, etc etc etc...
Até que chegue a bendita sexta-feira, sendo o primeiro dia da Descoberta de todos os caminhos de uma pessoa, sendo para uma vida provisória ou uma totalmente definida, seja por qual caminho for, esta ou estas pessoas que buscam chegar a tal momento irão estar dando continuidade à um Grande e Importantíssimo Ciclo.
E o que aqui falamos é de uma Iniciação à Cultura Afro Cubana Brasileira de Ifá, aonde nossa Família irá ganhar mais três iniciados, aonde cada pedacinho passado acima começa a mexer com cada uma pessoa envolvida, seja o Iniciador ou os Iniciados.
Lembro lá atrás quando por intermédio do Orisa super importante da minha caminhada, ao qual, num primeiro contato com o Meridilogun, me foi determinado e apontado por este, ou melhor dizendo "ESTA", já que falo de Oyá, ao qual tempos depois me suspendeu e mais um pouquinho a frente me deu a honra de ser confirmado como Oggán desta, mas desde o primeiro momento deixou claro que, o meu caminho era Lésé Ifá, pois neste primeiro jogo, ela disse através das palavras de meu Babalorixá Osunaloji, que eu deveria ser um Babálàwó.
Segui então, os meus caminhos dentro da Cultura, tive todos os meus direitos como filho de Xangô e Oggán de Oyá e pouco tempo depois ajudando à Papai a conseguir seus caminhos dentro da Cultura de Ifá, pois nesse tempo, depois de longas buscas de trinta anos tentando chegar até à Cultura, eis que surge um Babálàwó à casa do mesmo, aonde este que surgiu, és hoje meu Padrinho e Iniciador do Culto de Ifá Janda. Mas nesse eixo aí de ajuda, perdi minha mãe, e ao mesmo tempo que enterrava o grande amor de minha vida, ajudava um homem concluir seu sonho de trinta anos de espera, e assim, Pai Miltinho chegava até ao Culto de Ifá, motivo também, de Ifá o ter ajudado a se recuperar de um grande e longo tempo dentro de um Hospital, aonde ninguém mais dava fé e Ifá disse que sim, todos foram contra, mas nosso Padrinho apostou, teve fé e hoje o temos até os dias de hoje. Então era concluído mais um destino, primeiro por amor e busca e após, por destino e gratidão.
Após isso, avisei ao meu Babalorixá que ia, e fui, seguido de minha Ayafá e de meu irmão carnal, filho do Oggún e já consagrado e feito de Santo. Confusões para um lado, apoio de outros, uma mistura meia que de amor e ódio. Pois alguns sabiam do destino e apoiavam e outras nada sabiam e achavam que era por gosto ou status, mas com opinião ou sem, com o seu apoio fechei os olhos e fui.
Cheguei até meu Padrinho, aonde tive o meu primeiro contato com Ifá, três jogos num só dia, três primeiros contatos pela primeira vez com algo até então super desconhecido chamado Ifá e lá fomos, tinham apenas três Babalawos, mas que para uma simples consulta, já é um número super expressivo, pois quem já fez suas consultas com Ifá sabe que, com um, esse tal de Orunmilá já fala aos montes, imagina com dois ou mais (risos).
E lá estavam os Babalawos Janda, Pedro e depois Pablito e o primeiro a ser consultado foi eu, aonde Orunmilá me colocou de cabeça para baixo, e o primeiro contato, já parecia uma iniciação, pois Orunmilá adentra muito forte dentro de ti, e por mais tempo ou conhecimento que a pessoa tenha, este te faz parecer uma criança que nada sabe e tudo tem ainda a aprender.
Odús esses que foram ali para nós, quase como aquela velha história do "primeiro sutiã", mesmo que eu não use (risos), mas segue o mesmo principio de dizer "jamais esquecerei", pois marcou e muito, e nos três casos Ifá realmente dava continuidade ao que disse Oyá e então começamos a preparar os nossos destinos.
Acertamos valores, acertamos o Iniciador, cujo qual aqui chamamos de Padrinho, e começamos a dar as devidas sequências, e a coisa é um barato, pois começa um jogo de curiosidade, amor, vontade, pressão, etc... Vixi maria, a cada ida a casa do meu Padrinho, queria saber um pouco mais de cada passo dado, não sei se hoje o que vejo, vem daquela coisa que Orunmilá vai petrificando o Babalawo, mas hoje em muitos não consigo ver a ansiedade que tive desde o primeiro dia e hora que disse: "Então tá, vamos nos iniciar".
Queria ver cada pedacinho, e meu Padrinho como é um Gentleman, ia lá e amostrava cada pedaço, sem passar ou ofender aos secretos, aonde dizia: "Está vendo ali, dessas coisas que ali estão, sairão seu Ifá, o Eleguá, os guerreiros"; daí eu dizia: "Mas Padrinho, porque não podemos ver? Porque não posso mais entrar no quarto?" E assim cada coisa era mantida, pois ainda não estava na hora e eu ainda não podia ver, pois ao chamado "awo" eu ainda não tinha sido apresentado e que dirá passado pelos cerimoniais.
Era uma mistura de super ansiedade, dor de barriga, nervoso, dias contados para o determinado tempo chegar e tudo começar. Daí vem jogos de entrada, limpeza como mandava e determinava Orunmilá, as Apetebis trabalhando, movimentos dos Awofakans na casa para cima e para baixo, Babalawos passando para lá e para cá, e nós ali, como meros expectadores, porém, a cada passada, a cada cruzada, a cada material pego ou cada pecinha sendo levada ou usada, nossos olhos ficavam ali tentando seguir, pois a curiosidade era muito, mas ao mesmo tempo a felicidade.
Daí vem o misto daquelas e daqueles que já estão consagrados de virem, de darem os devidos apoios, devidos testemunhos, te preparem, pois nessa hora, nem mais Babalawos e que dirá o seu Iniciador já não podiam mais dar as devidas atenções, pois começam os preparativos para as iniciações e cada momento era um "flash" e cada detalhe era exigido máxima atenção de cada Babalawo convidado.
Cerimônias com isso, cerimônias com aquilo, passamos por isso, passamos por aquilo e lá chegava o terceiro dia aonde cada um iria descobrir o seu destino, e já sabíamos que de dois "minha esposa na época e meu irmão" teriam Odús definitivos para a sua vida, pois um era rodante e a outra mulher, e já sabemos por conversas atrás os caminhos prévios e que podemos comentar que já se segue. Mas sendo um barco de três, havia a minha interrogação, o que eu seria? que caminhos teria? por onde iria dar continuidade? E Ifá me deu os caminhos e eu só lembro de perguntar ao meu Padrinho: "E aí, tenho caminho à Ifá?"; aonde um Babalawo que é um grande amigo e orientador hoje, chamado Evandro OgundaBede, me disse: "Não, você não tenho caminho à Ifá"; parei pensei, deu uma tristeza, mas enfim... seguimos firmes e vamos que vamos, mas isso foi num piscar muito rápido dos olhos, aonde o mesmo virou novamente e disse: "Caminho longo até lá você não tem, pois deve conversar logo com o teu Padrinho e perguntar se você já pode fazer Ifá semana que vem, pois esse Odú aí que você tem, Ifá quer que você se Consagre para ontem".
Ao mesmo tempo que te dá uma felicidade, você sente o peso da chamada de responsabilidade, pois você começa a reparar cada dedicação que tem um sacerdote, de como eles falam da sua vida, como adentram nela e é uma coisa muito louca, mas enfim, caminhos dados e completados.
E chegamos enfim, aos dias de hoje, seis anos depois de minha consagração, aonde tive o meu Primeiro Barco como Iniciador com um mês de Ifá, hoje com a experiência jamais faria, pois ainda acho que não tenho experiência e conhecimento, que dirá naquela época. Porém hoje, tendo um pouco da ciência das regras de Ifá, digo para mim mesmo: "E quem é você para achar que estava na época ou não, se tinha maturidade ou não?! Pois não é Ifá quem determina cada passo?!"
Então sendo, Orunmilá através do Oráculo de Ifá, o Grão Mestre, nós Babalawos só fazemos ser manipulados pela vontade do mesmo, então tudo vai se cumprindo, e fazemos a nossa parte de buscar, dedicar, aprender, participar e cada vez mais dar caminhos aos que buscam à Cultura.
Porém ainda hoje, como falava acima, sinto a mesma emoção que via o meu Padrinho ter conosco, pois uma vez perguntando para ele, questionando do que ele sentia, aonde o mesmo virou para mim e disse: "Quando tem um barco de Ifá, quando uma pessoa ou mais, estão se iniciando, eu sinto quase que as mesmas dores de um parto, mesmo sabendo que Babalawo não chega a parir, mas é como se fosse, pois a cada minutinho, sempre é a mesma sensação de nascimento e de esperança, sentimentos esses que chegam com a vinda de um bebê".
E isso ficou registrado para mim, mesmo sendo um dos mais fãs do meu Padrinho, pensava tempos depois se seria assim, senão era exagero, e quando começou a movimentação do primeiro barco, pude ver que não era só isso, como era um pouco mais, a sensação de vida, a sensação de prazer, a sensação de trabalho e dever cumprido é algo que não dá para calcular.
Fico noites sem dormir, sou o primeiro a levantar e o último a recolher, procuro olhar cada coisa, fiscalizar cada um, pois o Padrinho fica meio que solto, e a busca pela perfeição, pelos acertos e para que venha tudo iré é algo que não dá para explicar, mas que acontece e que muito me orgulho e acho que Ifá também, pois dentre esses seis anos, não fiquei um só ano sem ser agraciado com novas Cabeças, como novos Orishas e porque não dizer, novas pessoas, que espiritualmente acreditaram no nosso trabalho, pois é aquela coisa que nós conversamos: "Eu peço ao meu Orí, que pede ao meu Orisá, que pede à Orunmilá, que este encaminha para determinado Àwó".
E sem que um fique chateado com um, ou com outro, pois é Orunmilá que põe cada um em sua porta, aquela velha história de que algo ou alguém só chega até lá, se este permitir. Enfim, cada um deve ficar feliz com o destino e o trabalho que cada um aqui na Terra tem como Sacerdote de Ifá.
E dentre tudo isso, dentre esse resumo, estamos nos preparando mais uma vez, para a conclusão de mais uma gostosa e sempre difícil missão, pois sabemos como começar, sabemos como nos posturarmos, como seguirmos, e até mesmo falando, sabemos o que fazer. Porém, jamais sabemos o que Orunmilá irá mandar para cada um, e não adianta, pois acho que esse realmente é o maior Àwó de todos, pois o Babalawo pode ter o tempo, vivência, experiência, etc... que for, mas somente quem tudo sabe são Orunmilá e Olofin, então aí nesse segredo todo, vem o gostoso de Ifá e as vezes, porque não dizer, os castigos dados por estes dois acima citados, aonde da mesma maneira que eles colocam os presentes (afilhados) nas nossas portas, também mandam os mesmos (afilhados) como forma de castigos, pelas coisas erradas que aqui fizemos. Pois existem determinados Odú Ifá que tocam e tocam pesado na vida do Iniciador, e isso, só quem viveu sabe (risos)!
Então, fica aqui mais um gostoso registro, num gostoso resumo, para uma ainda mais gostosa reflexão, tanto para os que estão dentro da Cultura, como para tanto, os que a esta buscam!
Iboru Iboia Ibosese,
Robson Abreu,
Babálàwó ÒgúndáÌretè IfáOrí
Oní Sòngó Obakoyde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário